segunda-feira, 22 de setembro de 2008


Para Umberto Eco, a feiúra é mais relativa que a beleza
Depois de se debruçar sobre a construção do ideal do belo em História da Beleza, mais de meio milhão de exemplares vendidos desde 2004, Umberto Eco se ocupa agora de destruir os preconceitos em torno da idéia do feio.
Com sua tradicional erudição, o mestre em semiótica conduz o leitor por séculos de história da civilização para mostrar que, ao contrário do que sugere a relação estabelecida pelo senso comum entre o belo e o feio, não basta definir o primeiro para entender a natureza do segundo, observa Richard B. Woodward no Village Voice: a feiúra se define por sua relação com a maldade e as deformidades físicas e morais. “Enquanto todos os sinônimos para a beleza podem ser concebidos como uma reação desinteressada”, escreve Eco, “quase todos para a feiúra implicam em uma manifestação de desgosto, senão de violenta repulsa, horror ou medo”. A partir do valioso insight, destaca Woodward, ele organiza uma vasta coleção de citações de clássicos da literatura – Aristóteles, Dante, Milton, Kafka, Sartre – e de obras-primas da história da arte para dar graça às suas teses, sem cansar o leitor com didatismo. Ao final de sua ricamente ilustrada História da Feiúra, Eco deixa claro que a noção do grotesto é ainda mais relativa e sujeita às diferenças culturais do que a do belo.

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